Aproxima-se o momento da paixão, morte e ressurreição do Bom Jesus. Sua hora está próxima (cf. Jo 12, 27). É isso que nos revela a liturgia deste 5º domingo do Tempo da Quaresma. Jesus, o Filho amado do Pai, está prestes a se entregar livremente para a salvação de todos.
Hoje, Nosso Senhor anuncia a sua glorificação através de sua morte e revela a grandeza que se esconde para além desse fato: “se o grão de trigo que cai na terra não morrer, permanecerá só; mas se morrer, produzirá muitos frutos” (Jo 12, 24). Essa metáfora nos faz memorar a dinâmica da vida, morte e ressurreição de Cristo. Ela revela o mistério de nossa salvação, que vivenciamos em cada Páscoa Semanal, e que vivenciaremos mais intensamente na Semana Maior que se aproxima.
Na liturgia deste quinto domingo quaresmal, o Divino Mestre nos mostra que a sua missão não foi fácil. Ele mesmo sentiu-se angustiado; sua alma estava conturbada (cf. Jo 12,27). Ele não queria beber daquele cálice (cf. Mt 26,39), não queria morrer. Como disse o saudoso Dom Henrique Soares, “só um louco deseja a morte, só alguém que está fora de suas capacidades mentais”. Com Cristo não foi diferente. O redemptor hominis só aceitou consumir o cálice para realizar a vontade do Pai.
À primeira vista, poderíamos pensar que Cristo veio ao mundo para morrer e, assim, nos salvar da condenação eterna. Não foi esse o plano original de Deus. Não era esse o seu intento. O verbo eterno do Pai habitou entre nós para nos mostrar a beleza do Reino de Deus, para nos ensinar como viver conforme os princípios por ele anunciados e vivenciados. No entanto, isso não impediu que o jovem Galileu enfrentasse as consequências do anúncio da Boa-Nova.
A vida e a mensagem de Jesus de Nazaré abalaram os alicerces da religiosidade corrompida da época. Muitos se revoltaram contra ele, mas, ciente das consequências, Jesus seguiu a vontade do Pai com fidelidade. Seu desejo de cumprir os propósitos divinos e seu amor pela humanidade nos fazem recordar que fomos resgatados não com coisas perecíveis, como prata ou ouro, mas sim pelo precioso sangue de Cristo (cf. 1Pd 1,18). Ele tanto nos amou que se entregou por nós.
Seminarista John Winston Sá
4º ano de Teologia do Seminário Maior