Sem água não vivemos. Ela existe, mas precisamos preservar as fontes que nos abastecem.
A Campanha da Fraternidade nos coloca o desafio do cuidado com o planeta, preservando os biomas diversificados do Brasil. Ao contrário, vamos matando a terra por matar a vida que nos dá sustento. Tirando as matas, matamos as fontes das águas e influenciamos na produção da má qualidade de vida, com consequências danosas para todos. O Papa Francisco fala muito disso na encíclica “Louvado Seja!” (Laudato Sì!).
A Bíblia narra que o povo hebreu, na caminhada do deserto rumo à terra prometida, reclamava com Moisés pela falta de água. Ele suplicou a Deus e, ao mandato divino, tocou com uma vara na rocha e, daí, saiu abundante água para o povo beber (Cf. Êxodo 17,3-7). A oração é de suma importância para termos força e aguentar os sacrifícios da caminhada. É como ter a força da água para nos vivificar. Porém, é preciso caminhar na direção certa, indicada por Deus. Ele pede que façamos a nossa parte. A água ainda existe na natureza, mas precisamos cuidar para preservarmos as bases de onde elas brotem, como a preservação das matas, do meio ambiente e dos biomas. Precisamos também, conforme o projeto do Criador, além de cuidarmos da natureza, levar em conta os lugares, a pessoas, as comunidades e os povos que sofrem pela falta de água potável. Há instituições que, para extraírem os minerais ou para o plantio em larga escala de alimentos, degradam, poluem, devastam e não levam em consideração o respeito ao meio ambiente. Ai a maior parte da população fica sem nada do produto que aquelas extraem. Precisamos lutar por políticas públicas que racionalizem o uso do solo para não o degradarem.
No Evangelho temos a narrativa de Jesus que, passando pela Samaria, pediu água para uma mulher que a buscava do poço feito pelo patriarca Jacó (Cf. Jo 4,5-42). Ela estranhou o pedido de Jesus, por Ele ter o sotaque de quem não era da região. Ele, sendo da Judéia, deveria hostilizar quem fosse da Samaria! Mas Ele adiantou que tinha uma água que não teria mais sede quem a bebesse! Como?! Então seria muito bom ela receber tal água para não mais precisar de buscar ali, todos os dias, a água necessária! Foi então que o Mestre falou a respeito da vida dela, para seu pasmo. Jesus tocou seu coração, mostrando-lhe ser o Messias. Houve a conversão da mulher! Assim também acontece com quem aceita a água da vida de Jesus. Beber de seu poço é ter vida de sentido. É encontrar a salvação. É fazer da própria vida quem, como Jesus, trabalha para ajudar a todos a terem condição de vida digna, de respeitar as leis da natureza e das reveladas pelo Filho de Deus!
José Alberto Moura, CSS – Arcebispo Metropolitano de Montes Claros, MG