RAMOS AO REI

No domingo de Ramas não apenas lembramos o fato de Jesus ter entrado em Jerusalém, capital de seu país, montado num jumento, como rei pobre, e ser aclamado rei, com o lançamento de ramos e mantos por parte do povo que o ovacionava! Tudo isso mostrou que tipo de rei Ele era e a qualidade de manifestação do povo daquela época, relacionado com o de agora.

No mundo há bilhões de cristãos de diversas denominações e até divididos e opositores de uns a outros em determinados casos. Há também bilhões que não conhecem e não seguem o Divino Mestre. Aliás, Ele veio para salvar a todos, indistintamente. Porém, Ele o faz com sua graça e quer também a ação e missão dos discípulos, para serem luz a todos, indicando o caminho que leva à vida plena. Felizes dos discípulos que entendem bem o Mestre e seguem seus ditames, realmente saindo em busca das ovelhas sem Pastor! Por outro lado, não basta dizer que se tem fé no Messias, nem só fazer alguns atos litúrgicos e de culto. É preciso estar disposto a dar a vida pelo Filho de Deus e ir à prática do amor, da justiça e da solidariedade. Afinal, só somos membros do seu reinado se aceitarmos, na prática, seus ensinamentos e imitarmos suas atitudes.

Jesus é o rei pobre, que nos ensina o desapego, a simplicidade, a humildade, o despojamento, o espírito de sacrifício e doação de nós pelo bem da família, da Igreja e da sociedade, com especial atenção à promoção e assistência dos mais deixados de lado no convívio social. Ele veio para salvar os pecadores, os aflitos, os perseguidos, os perdidos da vida. Por isso é que o Papa Francisco sublinha a necessidade de sermos uma Igreja “em saída”. Devemos ir à missão de dar e promover a vida. Ir atrás dos excluídos, dos abandonados à própria sorte, aos não evangelizados… É um tipo de rebanho e de Igreja não conformados com o apego a si mesmos e superando o triunfalismo e o fechamento dentro de si! Nosso profetismo deve aparecer como Igreja que assume a causa dos pobres, dos em vez nem voz… da promoção da cidadania para todos os que vivem sem tudo: teto, terra, emprego, saúde, educação e tudo o que é necessário para viver dignamente. É Igreja misericordiosa, que ajuda as pessoas a viverem convertidas e sanadas espiritualmente. É Igreja evangelizadora e acolhedora, da escuta, da visitação, do diálogo, que sabe dar vez…

Nossos ramos são nossa força de vontade e união para trabalharmos pelas mesmas causas que Jesus veio trazer e ensinar-nos. As virtudes da fraternidade e da misericórdia valem mais do que mostrar orgulho, superioridade e hegemonia. Nossos ramos são ainda as virtudes da coragem de defendermos causas em benefício da dignidade da vida e do bem comum, sedimentados nas famílias, na política e em todo o exercício da defesa dos direitos da cidadania para todos!

José Alberto Moura, CSS – Arcebispo Metropolitano de Montes Claros, MG

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