Jesus, o Bom Pastor, queria que suas ovelhas vivessem unidas em seu rebanho (Cf. João 10,16 e 17,20-23). Aliás, Ele quer que todos os seres humanos se salvem. Por isso, instituiu sua Igreja e mandou seus discípulos ensinarem a todos o que Ele lhes ensinou.
No entanto, sua verdade ainda não é conhecida e vivida por todos. Há divisões e separações até mesmo entre seus discípulos através dos tempos. Por isso, é preciso sempre que os fiéis de Jesus, abrindo-se à ação do Espírito Santo, tenham boa vontade para melhor cumprirem o mandamento fundamental dele, que é o amor. Este não faz ações para derrubar nem diminuir os outros. No diálogo e compreensão se dá testemunho da própria fé para servir, entender e valorizar os outros.
O ecumenismo se baseia na fé em Cristo e no amor que Ele nos ensina para também fazermos o que Ele fez. Leva-nos a dar testemunho de nossa fé e ir ao encontro do outro, mesmo com suas diferenças, para o tratarmos como irmão. Pontos comuns entre cristãos são fortes, como o amor, a Palavra de Deus, a oração, as virtudes humanas e cristãs, a fraternidade demonstrada no trabalho em conjunto para a promoção humana, a defesa da vida, a justiça, a boa política, a família cristã… O ecumenismo não significa abandonar a própria fé para assumir outra. Ao contrário, é viver a própria de modo a fazê-la a irmos ao encontro do outro com fraternidade e a agilizar nossos dons para servirmos os outros e aceitarmos que também eles nos sirvam com os dons que receberam do Espírito Santo. Para isso, é preciso sempre amadurecer nossa fé. Assim, oramos juntos com os outros e por eles. Não temos medo de nos aproximarmos para vivermos com respeito e fraternidade.
Ecumenismo não é sincretismo ou mistura religiosa. É sim mostrar a própria fé com verdade e convicção, sabendo valorizar os pontos comuns das diversas Igrejas e comunidades religiosas cristãs. Desse modo, nos aproximamos mais do que Jesus queria em relação ao seu único rebanho, que tem um único Pastor. Aliás, é bom também lembrar que unidade não é uniformidade. Há diversas formas de manifestar a fé. Mas, quanto mais formos fraternos, mais vamos nos aproximando da verdade de Jesus e valorizaremos o conteúdo da verdade dos Evangelhos, vivenciados em tradições específicas. Já superamos a dificuldade histórica de Lutero. Já confirmamos a justificação pela fé, que ele muito propagou. Daqui em diante poderemos melhor analisar e aceitar outros pontos até de divergente interpretação. Enquanto isso, o mais importante é nos entendermos como irmãos para que o mundo creia. Colaboraremos, assim, para colocar em prática o maior valor da fé que nos ajuda, em comum, a implantar na caminhada da história, os valores humanos, éticos e cristãos para a promoção da vida plena trazida pelo Filho de Deus!
José Alberto Moura, CSS – Arcebispo Metropolitano de Montes Claros, MG