A Igreja de Montes Claros está celebrando sua IV Assembleia Arquidiocesana de Pastoral. O processo da Assembleia foi oficialmente lançado em 10 dezembro de 2019. Em fevereiro de 2020 realizamos um grande encontro de abertura do Ano Pastoral, com a participação de aproximadamente 500 irmãos e irmãs, entre leigos e leigas, consagrados e consagradas, seminaristas, diáconos e padres. Grande entusiasmo se via no olhar de todos. Foi um passo significativo para o caminho da IV AAP, como ficava conhecida a IV Assembleia. Um total de 15 mil cartilhas de encontros de quaresma e páscoa foi distribuído para as paróquias, com a intenção de ouvir as vozes das comunidades. Mas logo chegou a pandemia e um novo ritmo se impôs. Muitos perguntavam: a Assembleia vai ser cancelada? Ou interrompida? O que será feito?
Num clima de oração e de escuta da nova situação, uma luz se acendeu. Inevitavelmente a pandemia trouxe um novo ritmo para a Assembleia, mas não há que se pensar em cancelamento ou interrupção. Logo compreendeu-se a necessidade de extensão da IV AAP, fixando novos prazos e fazendo as adaptações necessárias. Com criatividade e persistência da parte da Comissão Organizadora e das equipes paroquiais para animação da Assembleia. E, assim, continuamos.
Quando do lançamento da Assembleia, escrevemos uma mensagem pastoral e afirmávamos: “A Assembleia é o Pentecostes da Igreja local. É a retomada do entusiasmo dos discípulos de Emaús, que após reconhecerem o Senhor voltaram correndo até Jerusalém para anunciá-Lo (cf. Lc 24,13-35). A Assembleia será oportunidade de renovarmos nosso compromisso de viver como discípulos missionários de Jesus Cristo numa Igreja misericordiosa, samaritana e profética a serviço da construção de uma sociedade justa e fraterna, que é o sonho de Jesus”. Hoje estamos cientes de que esse sonho já se faz realidade.
Uma Igreja samaritana se inspira no modelo do bom samaritano, segundo a parábola contada por Jesus (cf. Lc 10,29-37). É uma Igreja que não passa ao largo daqueles que estão tombados à beira do caminho. E é isso que se verifica nas comunidades, que desde o início da pandemia foram se reinventando para viver a fraternidade e o amor pelos mais pobres. A atenção com as pessoas dos grupos de risco, a imediata implantação das regras de higiene em cada um dos espaços das igrejas, a implantação do Serviço SOS Escuta, o atendimento por parte dos sacerdotes de confissões e unções dos enfermos, a adaptação para a transmissão das missas, com envolvimento de tantos agentes da pastoral da comunicação, a abertura de novos horários para facilitar o acesso às celebrações, as carreatas para celebrar Corpus Christi e santos padroeiros… Quanto tem sido feito! E se fôssemos recordar as instituições católicas de assistência social? Espaço não haveria aqui.
Nesse conjunto de ações, destaca-se a Campanha “E me destes de comer”. As comunidades e paróquias, associações e movimentos estão a demonstrar que é urgente ser uma Igreja samaritana. Na verdade, desde o início da pandemia houve inúmeras iniciativas para entregar alimentos às famílias mais necessitadas. Na segunda onda da pandemia, com o aumento da pobreza, a generosidade de quem pode partilhar não diminuiu. É importante agradecer a todos os construtores da Igreja samaritana. Reforça em todos nós o compromisso de fazer dessa, uma “Assembleia da compaixão”.
+ João Justino de Medeiros Silva
Arcebispo Metropolitano de Montes Claros