Por um Santo Rei do além!

Segundo o Evangelista Mateus (2,1-12) e a tradição, os magos – ou Santos Reis, como popularmente conhecemos, saíram de suas terras longínquas no Oriente levando consigo presentes para um rei recém-nascido, cujo nascimento fora indicado por uma estrela. Eles não sabiam quanto à origem do pequeno “Rei”, como também não se sabe muito sobre os três Reis Santos. Quis a tradição dar-lhes os nomes de Belchior (ou Melquior), Gaspar (Caspar) e Baltasar. Reza, ainda, que eles foram motivados e guiados por uma estrela, cujo brilho intenso era muito diferente de todas as outras já vistas.

Os três Reis Santos não mediram esforços em permitirem ser guiados pela estrela do oriente até chegar em Belém e encontrar o Menino com a sua Mãe na casa onde se encontravam (cf. Mt 2,11), algo que lhes fizera ser tomados de uma grande alegria (cf. Mt 2,10). Quando chegaram, diante do recém-nascido eles prostraram-se em adoração e ali abriram os seus cofres e ofertaram os seus presentes (cf. Mt 2,11): ouro – pelo qual reconhecem a realeza do Menino Deus, o grande Rei da humanidade; incenso – pelo qual reconhecem que Ele é o Divino Senhor, Sacerdote por excelência que se oferece por nós todos; e por fim, a mirra, perfume utilizado no embalsamamento dos corpos – recordando que o Menino é Redentor, vai morrer por amor a todos nós.

Foliões e pastorinhas, no dia seis (06) de janeiro, repetem esse gesto nobre, ao sair de suas casas para se colocar diante dos presépios – ou “lapinhas”, como assim chamam os mais antigos –, para manifestar pelo canto, pela dança e pelo toque dos instrumentos a alegria despertada pelo tempo do Natal: Jesus nasceu, manifestou-se em nossa carne e continua a “manifestar-se no meio de nós até a sua vinda no fim dos tempos” (MISSAL ROMANO, 2023, texto para Anúncio da Páscoa e das Festas Móveis). Certamente nem todos têm uma clareza da grandiosidade, ou nobreza, de tal manifestação. É um movimento bonito de colocar-se a caminho, como os Santos Reis se colocaram guiados por uma estrela, em vista de prestar homenagens ao “Santo Rei do além” (trecho de uma música cantada por foliões). Devemos reconhecer, como cristãos católicos, que mais do que folclore ou ato cultural, se trata de uma manifestação da Fé.

Portanto, ainda nas alegrias das festividades natalinas e expectativas do começo de mais um ano, como os Santos Reis, os foliões e as pastorinhas, devemos nos colocar a caminho com disponibilidade, em vista de encontrarmos com Cristo: que nas águas do Jordão também se manifestou a nós e o Pai indicou-nos como seu Filho amado (cf. Mc 1,11); Ele cuja glória vimos manifestar em Caná da Galileia e os discípulos puderam crer n’Ele (cf. Jo 2,1-11). Motivados pela fé, e pelo “Santo Rei do além”, somos despertados a sair de nós mesmos para seguir nossas estradas, aprendendo a ler os sinais dos tempos e permitindo-nos ter o coração iluminado e aquecido por Aquele que é a Luz do mundo, motivando-nos ser sinais luminosos para aqueles que perderam a esperança.

Esta jornada deve conduzir-nos às portas de Belém, onde terminou a jornada dos Reis e onde podemos encontrar na Casa do Pão o Menino Deus, que sacia a fome que temos de contemplá-Lo na eternidade.

Pe. Cleydson Rafael Nery Rodrigues
Coordenador do Secretariado para a Liturgia
Arquidiocese de Montes Claros

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