A festa da santidade

Duas grandes celebrações marcam a caminhada da Igreja nesta semana: a solenidade de Todos os Santos e a comemoração dos Fiéis Defuntos. Elas possuem uma grande relação entre si e indicam o percurso de um chamado que é feito a todos: a santidade. Aqui não partimos de uma concepção de santidade como algo reservado para aqueles que merecem os altares das Igrejas e das casas. Não! Quando aqui dizemos sobre santidade, fazemo-lo dentro de uma santidade acessível a todos, de um chamado a viver o amor nas pequenas coisas do cotidiano, uma santidade ao pé da porta, como bem nomeou o Papa Francisco (cf. GeE 6-9).

Esse caminho de santidade vivido no cotidiano é aquele que assume, entre as potencialidades e limitações, uma escolha definitiva. A santidade ao pé da porta que celebramos não é outra senão aquela de quem faz a experiência de Deus no caminho da vida, nos encontros e cuidados embasados de um amor-serviço, que configuram nossa missão nesse mundo. Enfim, quando celebramos Todos os Santos falamos da festa da santidade como festa da vida, e vida plena para todos. Falamos, ainda, de deixar resplandecer em nossa carne a vida de Deus e sua presença. Vemos, naqueles que alcançaram os altares, mas, sobretudo, naqueles que, no escondimento da vida, resplandeceram a presença de Deus por onde passavam, essa afirmação que fez Jó: na minha carne verei a Deus (Jó 19,26b). Trata-se da santidade da Igreja militante (cf. GeE 7).

Compreendendo isso, podemos melhor celebrar a comemoração dos Fiéis Defuntos. Embora o feriado seja Finados, nós, católicos não nomeamos assim a celebração do dia 02 de novembro. Isso porque Finados significa aquilo que teve fim, e, para nós, cristãos, a vida não tem fim com a morte, mas, com ela, ganha sua plenitude. Ao contrário, nós celebramos os Fiéis Defuntos, ou os fiéis que cumpriram a sua missão (de functus). Mas que missão é essa? A que acabamos de indicar: viver a santidade!

Os defuntos são aqueles que, em meio às labutas da vida, souberam dedicar-se ao encontro com Deus e à vivência que daí decorre. Eles podem dizer como Paulo: combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé. Resta-me agora a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia (2Tm 4,7s). Celebramos, assim, aqueles que buscaram viver a santidade nesta vida, e que, concluindo sua peregrinação na terra, aguardam o Juízo, vivendo já como Igreja Purificante ou como Igreja Gloriosa.

Essas duas celebrações são, assim, uma só: a festa da santidade. Uma santidade que tem sob o horizonte o céu, mas que é alcançada e vivida já aqui e agora. Procuremos viver a experiência de Deus nas estradas dessa vida, exercendo a solidariedade e o amor-serviço, sobretudo com os mais necessitados. Assim, teremos uma espiritualidade e uma santidade que fazem ver na carne de todos o Deus de Jesus. Um Deus que sofre com os sofredores; padece e morre com os que morrem; um Deus que levanta e cuida na carne dos que agem misericordiosamente. Deixemos resplandecer a Santidade em nossa carne, e mostremos ao mundo que é esse o rosto mais belo da Igreja (GeE 9).

 

Equipe Arquidiocese em Missão
Arquidiocese de Montes Claros

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