No último domingo, dia 22 de setembro de 2024, a Arquidiocese de Montes Claros celebrou a Festa da Unidade das Novas Comunidades, um encontro de caráter missionário e de peregrinação que reuniu 170 participantes de diversas Novas Comunidades e Obras Missionárias da região. O evento foi realizado no Santuário Arquidiocesano Senhor do Bonfim, em Bocaiuva, e na sede da Comunidade Fonte de Misericórdia, anfitriã do encontro.
A festividade teve como tema “Novas Comunidades, Peregrinos da Esperança no Caminho da Unidade”, em sintonia com a preparação da Igreja para o Jubileu de 2025. A temática refletiu a busca pela unidade entre as diferentes comunidades e expressões missionárias, todas movidas pela esperança e pelo compromisso de caminhar juntas, em comunhão com a Igreja, na construção do Reino de Deus.
Abertura do Encontro
O ponto alto da abertura foi a celebração da Santa Missa, presidida pelo Arcebispo Metropolitano de Montes Claros, Dom José Carlos de Souza Campos, e concelebrada pelo Pe. Arley Humberto da Silva Santos, reitor do Seminário Maior e assessor eclesiástico das Novas Comunidades, além do Pe. Júnio Pereira, reitor do Santuário do Senhor do Bonfim, e o Padre Frei Marcos Luiz Duarte , FMM.
Dom José Carlos, em sua homilia, reforçou que “a Palavra de Deus é luz para o caminho e lâmpada para os passos, é sempre uma referência segura para o caminho de fé e para o caminho missionário”. Refletindo a segunda leitura do dia, retirada da Carta de São Tiago (3,16-4,3), o arcebispo falou sobre o sofrimento e a análise de São Tiago da realidade externa e interna, destacando que “o exterior é resultado do interior. O que vemos fora de nós é o reflexo do que encontramos dentro de nós”. Ele sublinhou que “onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de obras más”.
Segundo Dom José, São Tiago nos alerta para as desordens interiores como causadoras das grandes desordens externas que vemos no mundo, como guerras, conflitos, intrigas e disputas. “Seres em desordem interior geram desordens exteriores”, enfatizou, acrescentando que “há sofrimentos que nascem dessa desordem, sofrimentos sociais e visíveis, como os conflitos e as guerras”.
O arcebispo fez ainda uma distinção importante entre tipos de sofrimento, ressaltando que “há um sofrimento certo e bom, e há o sofrimento ruim e desgraçado”. Ele explicou que São Tiago apresenta o sofrimento negativo, nascido de paixões desordenadas, enquanto Jesus nos ensina sobre o sofrimento certo: “Sofrer com Jesus, por causa de Jesus, para sermos fiéis a Jesus”.
Ao refletir o Evangelho de Marcos (9,30-37), Dom José destacou que o verdadeiro grande, aos olhos de Cristo, é aquele que se faz o último e serve a todos. Ele explicou que “quem acolhe uma criança, acolhe a Cristo”, e que essa acolhida deve ser feita sem reservas, como quem acolhe uma criança de forma pura e descomplicada. “Se tornar o último é não querer ser o maior, é escolher o caminho de Jesus”, concluiu.
Atividades e Reflexões
Após a Missa, os participantes se dirigiram à Fazenda da Comunidade Fonte de Misericórdia, onde o evento continuou com pregações, orações, adoração e momentos de partilha. O pregador convidado, Ronaldo José de Sousa, cofundador da Comunidade Remidos no Senhor, da Paraíba, conduziu as reflexões, centradas na identidade e missão das comunidades e obras missionárias, destacando seu papel profético na evangelização e na vida pastoral das dioceses e paróquias.
Ronaldo José ressaltou a importância do testemunho fraterno inspirado nas primeiras comunidades cristãs, conforme relatado nos Atos dos Apóstolos. O encontro foi uma oportunidade para refletir sobre como cada comunidade pode contribuir para a ação evangelizadora da Igreja, mantendo o foco na unidade e no serviço ao próximo.
Estiveram presentes no evento as Comunidades: Adorai, Arca da Aliança, Descendentes da Sagrada Família, Divina Misericórdia, Esdras, Filhos de Maria, Fonte de Misericórdia (anfitriã), Nova Vida, Obra de Maria, Santíssima Trindade e Verbo de Misericórdia, além da Comunidade Gratidão da Diocese de Janaúba. Também participaram representantes de várias obras missionárias, como Face de Deus, Firmes na Rocha, Hesed, Novo Cenáculo, Pequena Via e Pequeninos do Reino.
O evento teve um destaque especial para as crianças, com 40 delas participando ativamente de um espaço kids preparado especialmente para elas, com shows infantis, espiritualidade e brincadeiras. Esse aspecto do encontro reforçou o compromisso das Novas Comunidades em atender a todas as faixas etárias, promovendo a inclusão das crianças no espírito de unidade e missão.
Entrevistas: As Novas Comunidades na Arquidiocese
Em entrevista, Pe. Arley Humberto, assessor eclesiástico das Novas Comunidades, destacou os desafios e oportunidades enfrentados pelas comunidades hoje. Ele ressaltou que o maior desafio está na perseverança, especialmente em tempos de individualismo e cultura de superficialidades. “As Novas Comunidades são chamadas a serem fiéis a Deus no serviço e no amor ao próximo. Em um mundo que promove o egoísmo, essas comunidades são um sinal profético de contracultura, com uma espiritualidade centrada na entrega e no testemunho de Cristo.”
Pe. Arley também sublinhou a importância da comunhão com a Igreja local e a contribuição das Novas Comunidades para a vida pastoral da Arquidiocese. Segundo ele, o carisma e a espiritualidade dessas comunidades oferecem um dinamismo particular que pode ajudar as pessoas a se engajarem mais profundamente no caminho da santidade. “As Novas Comunidades têm muito a oferecer para a pastoral arquidiocesana, trazendo uma renovação através de seu compromisso com a santidade, a evangelização e a vida em fraternidade.”
Por fim, Pe. Arley destacou o papel missionário dessas comunidades, que têm se tornado verdadeiros polos de evangelização nas paróquias, contribuindo para a formação de lideranças leigas e na ação pastoral.
O vice-coordenador do Conselho Arquidiocesano das Novas Comunidades, Polyebert Rafael Santos Souza, cofundador da Comunidade Descendentes da Sagrada Família, reforçou o valor da unidade e da sinodalidade no caminho das Novas Comunidades. Segundo ele, o evento não só promoveu uma comunhão fraterna entre as diferentes expressões carismáticas, mas também reafirmou o compromisso missionário de cada comunidade com a evangelização.
Polyebert Rafael ressaltou que o encontro foi uma oportunidade para fortalecer os laços entre as novas comunidades da região. “Esse encontro foi muito mais do que uma celebração; ele nos impulsionou a viver de forma mais intensa o chamado missionário da Igreja. A sinodalidade, tão promovida pelo Papa Francisco, nos convida a caminharmos juntos, como irmãos, na missão de levar a Palavra de Deus ao mundo.”
Ele também enfatizou a importância de continuar promovendo eventos dessa natureza, que integram as comunidades em torno de um objetivo comum: “Estamos em um processo contínuo de sinodalidade na Arquidiocese, e este evento foi mais um passo nessa direção. A unidade e a missão caminham juntas, e este encontro foi uma prova viva de que podemos colaborar ainda mais na construção do Reino de Deus.”
A Festa da Unidade 2024 das Novas Comunidades foi uma celebração vibrante e marcante para a Arquidiocese de Montes Claros, reunindo diversas expressões missionárias em um só coração e propósito. O encontro reforçou o compromisso das comunidades com a missão evangelizadora, oferecendo um testemunho concreto de unidade, fé e esperança. À medida que a Igreja se prepara para o Jubileu de 2025, o evento serve como um lembrete da força da comunhão e da sinodalidade no caminho da missão.
As Novas Comunidades presentes continuam firmes no propósito de contribuir ativamente para a vida pastoral da Arquidiocese, unidas pela esperança e pelo compromisso de construir um futuro pautado pela fé, fraternidade e serviço ao próximo.
Fotos: Pascom Paróquia Santuário Senhor do Bonfim