Na zona rural do município de Brasília de Minas, no Norte de Minas Gerais, a comunidade quilombola de Borá está colhendo os frutos de uma iniciativa que une tradição, sustentabilidade e solidariedade. O projeto “Fortalecendo a Produção Alimentar no Quilombo de Borá”, apoiado pelo Fundo Nacional de Solidariedade (FNS), tem promovido melhorias significativas na vida de cerca de 162 famílias, por meio da implantação de uma casa de farinha comunitária.
A comunidade Borá, com uma história que remonta a quase dois séculos, é formada por aproximadamente 500 famílias que vivem da agricultura familiar, da criação de animais e do extrativismo do Cerrado. O cultivo da mandioca e da cana-de-açúcar é uma das principais atividades econômicas locais, transformadas em produtos como farinha, fécula, beiju, cachaça e tapioca — frutos de um saber tradicional que passa de geração em geração.
Apesar da riqueza cultural e produtiva, a comunidade enfrenta grandes desafios, como o êxodo de jovens por falta de oportunidades, precariedade nas estradas e dificuldade de acesso à água potável e para uso agrícola. O apoio do FNS, por meio da Campanha da Fraternidade, tornou possível a aquisição de materiais para a construção da casa de farinha, um espaço adequado e seguro para o processamento da mandioca, fortalecendo a economia local.
“Esse projeto representa muito mais que uma obra física. Ele simboliza autonomia, valorização da cultura quilombola e fortalecimento da dignidade do nosso povo”, destaca um dos representantes da Associação Comunitária dos Pequenos Produtores Rurais de Borá e Região, entidade proponente do projeto.
Além da construção, o projeto também prevê momentos de formação e capacitação para mulheres e jovens, focando no aperfeiçoamento das técnicas de produção e na ampliação das possibilidades de comercialização. A expectativa é que os produtos gerados possam abastecer o mercado local e programas públicos como o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos).
Entre os principais resultados já percebidos, destacam-se:
-
Melhoria na qualidade de vida e na geração de renda das famílias;
-
Condições adequadas para o funcionamento da agroindústria comunitária;
-
Fortalecimento da economia solidária local;
-
Aumento da produção e das oportunidades de comercialização.
O projeto é uma demonstração concreta de como a solidariedade pode gerar vida digna, empoderamento comunitário e esperança, especialmente em territórios historicamente marcados por desigualdades.
O Quilombo de Borá é uma das comunidades da Arquidiocese de Montes Claros contempladas com recursos do Fundo Nacional de Solidariedade em 2024.