Voz de paz e esperança, a viagem de Leão XIV à Turquia e Líbano

O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, ilustra a primeira Viagem Apostólica de Leão, que inclui Ancara, Istambul e Beirute, com uma etapa em İznik, nome atual da antiga Niceia, para comemorar o 1700º aniversário do Concílio. Esta peregrinação tem uma forte dimensão ecumênica, com foco também no diálogo inter-religioso. “Será uma oportunidade de estar perto das comunidades cristãs e das populações”, disse ele. “Adotadas todas as medidas necessárias” para garantir a segurança.

Diálogo e unidade entre cristãos de todas as denominações, proximidade às comunidades forjadas por séculos de história, atingidas por tragédias e tensões antigas e recentes; sem falar da paz, tema “no coração do Papa” desde sua primeira aparição ao mundo e ao longo destes sete meses de pontificado.

O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, ilustra os detalhes e, ao mesmo tempo, oferece reflexões sobre a Viagem apostólica do Papa Leão XIV à Turquia e ao Líbano. A primeira Viagem Apostólica do Pontífice estadunidense, da forte dimensão ecumênica, centrada na cerimônia em Iznik (atual nome da antiga Niceia) para o 1700º aniversário do Concílio, e das significativas referências à atualidade, com a presença do Sucessor de Pedro no barril de pólvora do Oriente Médio.

Viagem empenhativa a dois países significativos

“Uma viagem empenhativa a dois países significativos”, afirmou Bruni no briefing desta terça-feira, 25 de novembro, aos jornalistas que acompanham Leão XIV em sua viagem.

Países com tradições antigas: a Turquia, londe nasceu São Paulo, cenário dos oito primeiros Concílios, ponte entre mundos e continentes diversos; Líbano, berço dos fenícios, um lugar de convivência de representantes de diferentes religiões e de acolhida para pessoas que fogem da guerra e do terrorismo. Ao mesmo tempo, uma terra desfigurada pela pobreza e crises de vários tipos, da explosão no porto aos ataques de Israel no sul, o último em 23 de novembro. Motivos esses, que motivaram várias perguntas dos jornalistas sobre questões de segurança: “Foram levadas em consideração todas as preocupações consideradas necessárias”, assegurou Bruni.

Seguindo os passos dos antecessores

Leone fará uma imersão nessas realidades por cerca de uma semana. Encontrará pessoas, grupos e histórias; terá conversas privadas com os presidentes Recep Tayyip Erdoğan e Joseph Aoun; saudará autoridades civis, religiosas e inter-religiosas; visitará mesquitas e igrejas construídas há séculos ou na década de 1990; irá até a Diyanet turca; rezará no Porto de Beirute, em memória das mais de 200 pessoas que morreram na explosão de 2020. E, acima de tudo, com esta viagem, ele seguirá os passos de seus antecessores: João XXIII, que, antes de sua eleição à Cátedra de Pedro, foi delegado apostólico na Turquia; Paulo VI, que visitou a Turquia em 1976 e o ​​Líbano a caminho da Índia em 1974; João Paulo II, que viajou à Turquia para revigorar o compromisso “com a unidade de todos os cristãos”, e ao Líbano em 1997 (viagem durante a qual cunhou a definição histórica de “País mensagem”), publicando a Exortação Apostólica Uma Nova Esperança para o Líbano. Bento XVI, que visitou ambos os países, um no início de seu pontificado e o outro cinco meses antes de sua renúncia. Por fim, o Papa Francisco, que visitou a Turquia em 2014 e pretendia retornar em maio de 2025 para o 1700º aniversário de Niceia, mas não pôde visitar o Líbano, um desejo que acalentou até o fim de seus dias. E de seu predecessor Francisco, Leão assumiu esta primeira “peregrinação” ao coração do Oriente Médio: “Ele herdou essas promessas, fez delas suas”, como demonstra a Carta Apostólica In unitate fidei, enfatizou Matteo Bruni. “Dois países imersos em história, visitados por quatro Papas, e agora um quinto se junta a eles.”

Ecumenismo e proximidade aos jovens

“Há, acima de tudo, uma dimensão ecumênica nesta viagem”, afirmou o porta-voz vaticano; depois, há a “proximidade” com os cristãos de todas as denominações que se “reconhecem” no Concílio de Niceia: “uma história complexa e antiga, marcada por divisões e conflitos, de reunificações e tragédias ligadas a eventos históricos”. Proximidade também com as “pequenas comunidades” de católicos, algumas das quais “vivem momentos difíceis em meio à emigrações e às tensões”. E, nesse sentido, haverá também grande atenção à viagem por parte dos libaneses na diáspora.

Muitos os discursos a serem dirigidos ao Papa. Palavras de esperança neste Ano Jubilar; “muitas perguntas sobre o futuro” vindas dos jovens “em um tempo de fracasso no mundo dos adultos”. E com os jovens do Líbano, sobrecarregados por diversos desafios, mas com grande capacidade de resiliência e perseverança, o Pontífice viverá um dos momentos mais significativos com o encontro na praça adjacente ao Patriarcado Maronita de Antioquia, em Bkerké.

O evento em Niceia

Entre os eventos importantes, Bruni destacou, ao apresentar a programação, a celebração ecumênica em Niceia com o Papa Leão e o Patriarca de Constantinopla Bartolomeu em procissão ao longo da margem do lago em direção às ruínas da Basílica de São Neófito, destruída por um terremoto. Seguir-se-á um momento de cânticos e oração com os patriarcas e representantes das Igrejas cristãs em semicírculo diante dos ícones de Cristo e do Concílio, e o acendimento de uma vela.

Diálogo com outras religiões

Além do ecumenismo, o diálogo inter-religioso também será um componente importante. No dia 27 de novembro, o Papa visitará a Diyanet, a Presidência dos Assuntos Religiosos, um compromisso. adicionado posteriormente ao programa inicial. Ele também se encontrará com o rabino chefe da Turquia e terá um encontro privado na Nunciatura em Beirute com os líderes das comunidades muçulmana e drusa.

Muitos, também, serão os momentos memoráveis ​​nesta viagem de seis dias: o Papa depositando uma coroa de flores sob a coluna dedicada ao Pacto Nacional no Mausoléu de Atatürk; “recolhido em oração” sob as abóbadas e azulejos de majólica da Mesquita Azul, e em meio a 4.000 fiéis na Missa na Volkswagen Arena em Istambul. Ou ainda, o Papa plantando um cedro no jardim do Palácio Presidencial em Beirute, rezando no túmulo de tufo e pedra do monge curador São Charbel, ou aos pés da estátua de bronze esmaltado em branco e dourado de Nossa Senhora do Líbano, que parece velar por todo o Oriente Médio.

Coletiva de imprensa com jornalistas

O Papa fará diversos deslocamentos em carro aberto nos dois países. “A escolha do veículo mais apropriado será feita dependendo da situação”, esclareceu Bruni.

No séquito papal, além da delegação habitual, somam-se os cardeais Kurt Koch, prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos; George Koovakad, prefeito do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso e Claudio Gugerotti, prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais.

O Papa falará em inglês durante toda a viagem na Turquia, enquanto no Líbano em inglês durante os encontros oficiais, e em francês durante as celebrações litúrgicas.

Um encontro com jornalistas a bordo do voo papal está previsto para a habitual conletiva de imprensa de encerramento da viagem.

Fonte: Vatican News

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