Dom José Carlos de Souza Campos, arcebispo metropolitano, presidiu a Missa em Ação de Graças pelo prefeito, vice-prefeito e vereadores eleitos de Montes Claros nas eleições de 2024. A celebração teve a presença de Guilherme Augusto Guimarães de Oliveira (prefeito) e Otávio Batista Rocha Machado (vice-prefeito). A missa rezada no dia 30 de dezembro, última segunda-feira, na Catedral Metropolitana, foi concelebrada pelo padre Harlley Caldeira Mourão, vigário geral da Arquidiocese de Montes Claros, e o padre Fernando José de Andrade, pároco da Catedral.
Dom José Carlos iniciou a celebração dando as boas-vindas a todos, com um acolhimento especial ao novo prefeito, vice-prefeito, vereadores eleitos e demais autoridades das esferas política, acadêmica, militar e eclesiástica. Destacou a importância de governar a cidade conforme a direção de Deus e colocou a cidade e seus líderes sob a proteção divina, pedindo sabedoria para que a gestão pública seja conduzida de acordo com a vontade de Deus. Na oração, também lembrou do Sr. Humberto Souto, prefeito de Montes Claros até 2024, que se encontra hospitalizado.
A missa teve um caráter profundamente simbólico, sendo celebrada ainda na oitava de Natal, no início do tempo jubilar da Igreja e diante da imagem do Senhor do Bonfim de Bocaiuva. Dom José Carlos iniciou sua homilia ressaltando a importância de se iniciar o novo governo com uma atitude de fé e compromisso com Deus, refletindo sobre o significado de governar a cidade a partir dos princípios cristãos. “É muito bom que estejamos aqui nesta noite tão significativa. Creio que não viemos apenas para uma formalidade, mas para expressar nossa fé, colocar em Deus nossas esperanças e confiar a Ele a missão desafiadora de cuidar desta grande cidade, a maior do nosso Norte de Minas”, afirmou.
Dom José enfatizou a missão de governar a cidade de Montes Claros com compromisso cristão, colocando Deus no centro da ação pastoral e social, e cuidando da cidade com princípios de justiça e humanidade:
“Estamos aqui para nos comprometer com Deus a buscar construir esta cidade humana de modo que ela seja digna de Deus. De modo que ela seja uma grande cidade que acolhe e cuida da sua grande família, já que, diante de Deus, somos todos irmãos, independentemente da condição social, da condição intelectual, da condição religiosa ou de qualquer outra condição. Estamos aqui e pisamos este chão como irmãos, irmãos que devemos nos cuidar mutuamente. É aqui que damos o grande sinal de que estamos cuidando bem da nossa gente, seja como pastores da Igreja ou como gestores públicos. O importante é que, diante de Deus, tomemos consciência de que cuidamos uns dos outros como irmãos e fiquemos felizes, pois o que aqui queremos colocar diante de Deus é um exercício bonito de cidadania”. (Dom José Carlos)
O arcebispo também recordou a necessidade de cuidar das gerações futuras, garantindo que a cidade seja construída com valores de justiça e dignidade, com base na Palavra de Deus:
“Em primeiro lugar, penso que nós temos um compromisso com as gerações novas. (…) Precisamos criar uma cidade digna das crianças, daqueles que, no futuro, vão crescer e encontrar lá o que estamos construindo hoje aqui. Temos um compromisso com as gerações miúdas que estão no meio de nós e que merecem uma cidade futura justa, digna e bela, onde, de fato, elas percebam que aqueles que vieram antes souberam construir esta cidade com princípios e pilares verdadeiros e justos. Pensando nelas, precisamos nos empenhar grandemente no cuidado com esta cidade”. (Dom José Carlos)
“Insisto que quero pedir a todos os que vão tomar o lugar de governo, de decisão e de cuidado desta cidade. Vamos encontrar em Deus os caminhos, as soluções, os critérios, de modo que pensemos a partir do alto e não a partir de baixo. O menino que nasceu no Natal, e que nós queremos, é por isso que estamos aqui, é Deus para nós. Ele é a Palavra, a sabedoria, a ciência de Deus. Portanto, é olhando para Jesus que nós vamos aprender a fazer história neste mundo, a fazer história nesta cidade.”
Citando a encíclica Fratelli Tutti do Papa Francisco, Dom José abordou a política como uma vocação de caridade social, sendo um campo de ação para promover o bem comum, a fraternidade e a justiça. Dom José Carlos concluiu seu sermão convidando todos os presentes, convocou a colaboração entre todos os setores da sociedade – igrejas, governos, universidades, empresários e organizações sociais – para construir uma cidade justa e digna, especialmente para os mais pobres e vulneráveis:
“Queridos Guilherme, Otávio, vereadores presentes aqui, e demais membros da comunidade política da nossa cidade, vamos por esse caminho. Vamos unir forças num amor social, numa caridade social.
É verdade que ninguém sozinho, nem o gestor público, nem o gestor eclesiástico, nem qualquer outro, dá conta sozinho das demandas dessa cidade. Então, precisamos somar forças, precisamos ser parceiros, precisamos unir as mãos para cuidar mais e melhor da nossa gente.
E fazer isso sem interesses, sem concorrência, sem nenhum tipo de sentimento atravessado. Fazer isso para o bem comum. Então, como lembrei no dia de Natal, o nosso sonho para o futuro — e isso já está sendo construído aos poucos — é criar aqui entre nós uma rede de acolhimento e proteção social, onde estejam juntas as igrejas, os gestores públicos, as academias, os empresários e as organizações sociais, para que, juntos, sentados à mesma mesa, possamos cuidar mais e melhor, sobretudo, da nossa gente mais vulnerável, mais simples, mais pobre.
O nosso amor, a nossa caridade social, precisa chegar primeiro lá, onde a vida corre mais risco, onde a vida é mais vulnerável. Então, esperamos avançar nesta rede de acolhimento e proteção social, para que, de fato, como parceiros, como amigos, como homens e mulheres da religião, da política e da sociedade, possamos avançar num cuidado qualificado da nossa gente.
Que Deus nos ajude nesta empreitada, e faremos isso por causa d’Ele, no nome d’Ele, por causa de Jesus. Mesmo que as motivações sejam diferentes — uns fazem por vocação política, outros fazem por vocação religiosa —, o mais importante é fazer o bem: um bem comum, um bem social, um bem grande, que nos ajude a construir uma cidade que Deus possa habitar juntamente conosco, porque é uma cidade digna d’Ele, construída segundo os seus critérios e valores.
Vamos juntos, criando sempre boas parcerias, para cuidar da nossa grande Montes Claros.” (Dom José Carlos)
Ao final da celebração, Guilherme Guimarães agradeceu ao arcebispo Dom José Carlos, aos padres Harlley e Fernando, ao vice-prefeito Otávio e a todos os presentes. Ele expressou gratidão a Deus e ao povo de Montes Claros pela confiança em sua eleição para liderar a cidade pelos próximos quatro anos. Destacou a importância de cuidar das crianças, o futuro da cidade e pediu apoio para conduzir a cidade com sabedoria, fé e justiça, seguindo o exemplo do prefeito Humberto Souto. Enfatizou a necessidade de união entre as autoridades e a comunidade para transformar Montes Claros em uma cidade próspera e harmoniosa. Finalizou agradecendo ao coral e pedindo a bênção de Deus para guiar o trabalho em prol da cidade.
Dom José Carlos encerrou a celebração destacando o início do mandato de Guilherme, Otávio e os vereadores em um tempo privilegiado, o ano do jubileu, que marca os 2025 anos da Encarnação de Cristo. Ele lembrou que o tempo jubilar é um período de maior misericórdia e bondade divina, e sugeriu que, diante das dificuldades, os líderes busquem orientação em Deus, vindo ao templo para se colocarem diante de Sua imagem:
“Guilherme, Otávio e estimados vereadores e vereadoras, vocês começam o mandato em um tempo privilegiado, o tempo do jubileu. 2025 é o ano ordinário do jubileu da Encarnação, 2025 anos do mistério da Encarnação. O tempo jubilar é um tempo em que Deus é ainda mais misericordioso, é ainda mais bondoso.
Então, quando as coisas apertarem, ficarem difíceis, complicadas, obscuras, façam como a profetisa Ana, venham para o templo, venham se colocar diante da imagem do Senhor do Bom Fim, de modo que seja Ele a indicar os caminhos, seja para o Executivo, seja para o Legislativo. Mas venham para o templo, aqui Deus há de falar ao coração de vocês diante das muitas dificuldades e encruzilhadas nas quais poderão se encontrar em algum momento.
Que seja esta casa a casa em que Deus também possa falar sempre ao coração dos políticos da nossa cidade e da nossa região, para que, escutando Deus, possam fazer segundo Deus, para que o bem comum se instale sempre mais e melhor entre nós, pela graça que Deus dá àqueles que ocupam a vocação política no meio de nós.”
O arcebispo pediu a intercessão de Maria para o prefeito Humberto Souto, que enfrenta um momento de enfermidade, e finalizou com uma oração, abençoando os presentes e pedindo a graça, a paz e a luz de Deus para todos, especialmente para os que assumem a gestão pública da cidade.
Fotos: Laura Tupinambá
por