Corpus Christi: Confira a Programação pelas Paróquias da Arquidiocese

Solenidade de Corpus Christi: “Dai-lhes vós mesmos de comer”
Celebração litúrgica será no dia 19 de junho de 2025

No dia 19 de junho, a Igreja celebra a Solenidade de Corpus Christi, festa litúrgica que nos convida a adorar, contemplar e viver o mistério da Eucaristia: o Corpo e Sangue de Cristo, presença real de Jesus no pão consagrado, oferecido para a vida do mundo.

A celebração de Corpus Christi nos recorda que a fé cristã não é abstrata ou distante, mas profundamente encarnada no cotidiano. Deus, que é Pai, Filho e Espírito Santo, permanece próximo de nós por meio do “pão partido”: “Este é o meu Corpo! Este é o meu Sangue!”, diz o Senhor. A Eucaristia é, portanto, mais que rito: é doação, comunhão, fraternidade.

A origem desta solenidade remonta ao século XIII, graças às visões místicas de uma jovem monja belga, Juliana de Cornillon, que, aos quinze anos, viu em sonho uma lua cheia com uma mancha escura, interpretada como a ausência de uma festa específica dedicada ao Corpo de Cristo. Após anos de insistência, a festa foi acolhida pela Diocese de Liège em 1247, e, mais tarde, pelo Papa Urbano IV, que, impressionado por um milagre eucarístico em Bolsena, instituiu oficialmente a solenidade com a bula Transiturus, em 1264. O ofício litúrgico da festa foi confiado a São Tomás de Aquino, cuja composição inclui o célebre hino Panis Angelicus.

A liturgia do Ano C ilumina o sentido desta festa com o Evangelho da multiplicação dos pães (Lc 9,11b-17). Jesus, diante da fome da multidão, desafia seus discípulos com a ordem: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. A resposta dos discípulos revela a lógica do cálculo e da escassez. Jesus, no entanto, ensina a lógica da partilha: toma os poucos pães e peixes, dá graças, parte e distribui — e todos comem até se saciar. A Eucaristia, assim, nos desafia a sair de nós mesmos, a confiar na providência e a transformar o pouco que temos em dom abundante.

Na segunda leitura (1Cor 11,23-26), São Paulo recorda as palavras de Jesus na Última Ceia: “Este é o meu corpo… este é o cálice da nova aliança em meu sangue”. Trata-se de uma vida oferecida, de um amor que se faz alimento. “Fazei isto em memória de mim” não significa apenas repetir gestos litúrgicos, mas assumir uma vida eucarística: de entrega, de serviço, de fraternidade.

Celebrar Corpus Christi é, portanto, afirmar que o Pão descido do Céu não pode ser separado do pão da fraternidade. A adoração eucarística deve sempre nos conduzir à partilha concreta com os irmãos, especialmente os mais necessitados. A Eucaristia nos insere na lógica do dom, nos faz “todos irmãos” e nos ensina que não há comunhão com Cristo sem comunhão com o próximo.

Que ao participarmos da procissão e da Santa Missa neste Corpus Christi, sejamos renovados no desejo de viver o que celebramos: um Cristo que se dá inteiramente a nós e que nos envia a dar de comer a quem tem fome de pão, de amor e de esperança.

Oração:

“Senhor Jesus, ao indicar-me, que devo seguir o homem com a jarra de água, fazei-me entender que devo seguir os passos de quem faz, realmente, a experiência do Batismo: ajudai-me a imitar os que vivem uma nobre medida de vida.

Senhor Jesus, ao convidar-me ao que é superior, vós me pedis para deixar de lado um estilo de vida chato: ajudai-me a seguir os desejos, que inspirais em meu coração.

Senhor Jesus, ao dar-me o pão e vinho, vosso Corpo e Sangue, me ensinais que a vida é um dom: ajudai-me, ao alimentar-me por vós, a fazer da minha vida uma oferta agradável ao Pai.

Senhor Jesus, ao reunir vossos discípulos ao redor da mesa, me ensinais que não há Eucaristia sem fraternidade e nem fraternidade sem serviço: ajudai-me a fazer da minha vida uma vida eucarística”.

(Padre André Vena)