Durante a celebração do Sacramento da Crisma, realizada na noite do último domingo, 16 de novembro, na Paróquia São Sebastião, em Montes Claros, Dom José Carlos, arcebispo metropolitano, dirigiu aos 25 crismandos e à comunidade uma profunda reflexão sobre o sentido da fé, o fim dos tempos e o compromisso cristão com os mais pobres. Concelebraram o administrador paroquial, padre Adilson Ramos de Melo, e o vigário paroquial, padre Diogo Maurício Affonso, contando ainda com a colaboração dos diáconos permanentes Geraldo Magela Martins de Abreu e João Martins Santos Sisílio.
Logo no início de sua homilia, o arcebispo manifestou gratidão aos padres, diáconos, catequistas, pais e padrinhos pelo acompanhamento da caminhada de fé dos crismandos, recordando que cada um chegou ao Sacramento com sua própria história e com a contribuição de muitas pessoas. “O que fazemos aqui se deve ao que eles fizeram lá atrás”, disse ao lembrar o papel dos pais que levaram seus filhos ao batismo.
Ao situar a celebração no penúltimo domingo do Ano Litúrgico, Dom José Carlos convidou os fiéis a refletirem sobre “o final de todas as coisas”, lembrando que a liturgia apresenta, neste período, temas ligados à consumação do mundo. Ele recordou que o verdadeiro fim esperado pelos cristãos não é destruição, mas encontro: “O fim que nós esperamos é um encontro com Deus. Chamamos isso de consumação: quando todas as coisas forem consumadas em Cristo”.
Inspirado em Santo Agostinho, o arcebispo ressaltou que a volta de Cristo é certa, ainda que desconhecida em dia e hora, e não deve ser motivo de medo. “Que amor é este que teme encontrar-se com Cristo?”, provocou. Para ele, a melhor forma de esperar a vinda do Senhor é permanecer no bem: “Quem dera se Jesus voltasse até que esta missa terminasse, e nos encontrasse aqui fazendo o que Ele mandou fazer”.
Comentando o Evangelho proclamado (Lc 21), Dom José alertou contra falsas previsões sobre o fim dos tempos e destacou que guerras, fomes, violências e catástrofes não são sinais imediatos da volta de Cristo, mas lembretes de que a morte é uma realidade. “Quando eu coloco na cabeça que vou morrer, eu me preocupo mais com a minha vida, com a direção que estou seguindo, com o sentido da minha existência”, afirmou.
A partir da segunda leitura, o arcebispo reforçou o apelo de São Paulo para que todos se ocupem de “coisa boa”, enchendo os dias de sentido, trabalho e bondade. “Se eu sei que a vida é provisória, preciso trabalhar — não só para o pão de cada dia, mas para encher meus dias de beleza e utilidade”, disse.
O ponto central da homilia convergiu para o Dia Mundial dos Pobres, celebrado neste domingo. Dom José Carlos recordou que o trabalho prioritário do cristão é cuidar da vida, sobretudo da vida dos mais fragilizados. “Somos pobres cuidando de pobres”, afirmou, sublinhando que todos têm carências, ainda que de naturezas diferentes. Ele também destacou as riquezas espirituais frequentemente encontradas nas pessoas em situação de vulnerabilidade: “Eles têm dons que nós não temos: confiança em Deus, capacidade de suportar a cruz, de dividir o pouco que possuem”.
Retomando o significado da unção da Crisma, o arcebispo afirmou que os crismandos recebem, assim como toda a Igreja, a missão de “evangelizar os pobres”. Contudo, esclareceu que evangelizar não se limita ao anúncio verbal: “Evangelizar é cuidar, promover a vida e a dignidade. É mostrar Deus, mas também cuidar dos corpos e das necessidades”.
Dirigindo-se aos jovens e à comunidade, concluiu com um chamado à perseverança: “É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida. Firmes na fé, firmes na obra de Deus, firmes no cuidado dos pobres”. Dom José encerrou lembrando que, no juízo final, “os pobres julgarão a terra”, afirmando que a verdadeira amizade com Deus se manifesta na amizade concreta com os pobres.
A celebração da Crisma marcou profundamente os jovens e reafirmou a missão da comunidade paroquial: permanecer firme no caminho de Jesus, trabalhando pelo Reino de Deus e cuidando da vida em todas as suas formas.
Confira a transmissão da Crisma:
Fotos e transmissão: Pascom Paróquia São Sebastião














