O tema da liberdade religiosa esteve no centro do discurso do Papa aos membros de Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) Internacional. A audiência na manhã desta sexta-feira (10.10) antecede a publicação do relatório anual da organização, programado para o dia 21 de outubro, na presença do secretário de Estado, card. Pietro Parolin. Este documento, disse o Santo Padre, tem sido um poderoso instrumento de sensibilização, pois faz mais do que fornecer informações, mas revela o sofrimento oculto de muitas comunidades.
Assim, Leão definiu oportuna a visita desta manhã, “pois nosso mundo continua testemunhando uma crescente hostilidade e violência contra aqueles que têm convicções diferentes, incluindo muitos cristãos”.
Em contrapartida, o trabalho de AIS é não abandonar os perseguidos, inspirado nas palavras de São Paulo: “Se um membro sofre, todos sofrem juntos” (1 Cor 12, 26). “Estas palavras ecoam hoje nos nossos corações, pois o sofrimento de qualquer membro do Corpo de Cristo é partilhado por toda a Igreja.”
“Todo ser humano carrega em seu coração um profundo anseio pela verdade, pelo sentido e pela comunhão com os outros e com Deus. Esse anseio surge das profundezas do nosso ser. Por essa razão, o direito à liberdade religiosa não é opcional, mas essencial.”
A liberdade religiosa não é privilégio, é condição fundamental para a reconciliação
A liberdade religiosa, prosseguiu o Santo Padre, é uma pedra angular de qualquer sociedade justa, pois salvaguarda o espaço moral no qual a consciência pode ser formada e exercida. Assim, não é apenas um direito legal ou um privilégio concedido pelos governos; é uma condição fundamental que torna possível a reconciliação autêntica.
Quando essa liberdade é negada, a pessoa humana é privada da capacidade de responder livremente ao chamado da verdade. O que se segue é a lenta desintegração dos laços éticos e espirituais que sustentam as comunidades. “A confiança dá lugar ao medo, a suspeita substitui o diálogo e a opressão gera violência”, disse o Papa.
O Santo Padre recordou que a Igreja Católica sempre defendeu a liberdade religiosa. O Concílio Vaticano II, na Dignitatis Humanae, declarou que este direito deve ser reconhecido na vida jurídica e institucional de cada nação. Portanto, não pode permanecer abstrato; deve ser vivido, protegido e promovido na vida cotidiana dos indivíduos e das comunidades.
Foi com este intuito que nasceu Ajuda à Igreja que Sofre em 1947, em resposta ao sofrimento deixado pela guerra. A sua missão é promover o perdão e a reconciliação, acompanhar e dar voz à Igreja onde quer que ela esteja ameaçada.
O Pontífice citou a experiência em países como República Centro-Africana, Burkina Faso e Moçambique, onde a Igreja local, muitas vezes sustentada pelos projetos de AIS, torna-se um sinal vivo de harmonia social e fraternidade, mostrando que um mundo diferente é possível. E as muitas missões no Peru, incluindo na Diocese de Chiclayo, “onde tive o privilégio de servir”, acrescentou.
Leão XIV concluiu agradecendo à organização por este trabalho de solidariedade e exortou: “Não se cansem de fazer o bem, pois o seu serviço dá frutos em inúmeras vidas e dá glória ao nosso Pai que está nos céus”.
Fonte: Vatican News