Seminário Maior realiza simpósio sobre os 1700 anos do Concílio de Niceia

Na noite do dia 2 de junho de 2025, o Seminário Maior Imaculado Coração de Maria, da Arquidiocese de Montes Claros, realizou o Simpósio Interdisciplinar “Niceia: 1700 anos depois – O Concílio e os debates cristológicos”, um momento de profunda reflexão teológica e histórica, promovido pelas disciplinas de História da Igreja Antiga e Patrologia. O evento foi organizado pelo Prof. Dr. Márcio Jean Fialho de Sousa e contou com a participação da Prof.ª Dra. Helena Amália Papa, docente de História Antiga da Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), e recordou o marco da definição da fé cristológica na história da Igreja

Realizado no auditório do Seminário Maior, o simpósio reuniu seminaristas, professores e convidados, celebrando um dos marcos mais importantes da história da fé cristã: os 1700 anos do Concílio de Niceia (325 d.C.).

Em sua conferência, a Prof.ª Helena Amália Papa — doutora em História pela UNESP/Franca e pesquisadora com sólida trajetória acadêmica — apresentou de forma clara e didática o contexto, os desafios e o legado do primeiro Concílio Ecumênico da Igreja.

O que estava em jogo

O Concílio de Niceia representou um divisor de águas. Convocado pelo imperador Constantino, ainda catecúmeno, o encontro reuniu, pela primeira vez, bispos de todo o mundo cristão para tratar de uma questão fundamental: quem é Jesus Cristo?

O foco do debate foi a controvérsia em torno do presbítero Ário, de Alexandria, que afirmava que o Filho havia sido criado por Deus, sendo, portanto, uma criatura. Em oposição, o jovem diácono Atanásio defendeu que o Verbo eterno é consubstancial ao Pai (homousios) — verdadeiro Deus de verdadeiro Deus.

O Concílio rejeitou o arianismo como heresia e formulou o Credo Niceno, que reafirma até hoje a divindade de Cristo e serve como símbolo da unidade e da fé da Igreja.

Durante o simpósio, a palestrante destacou que o Concílio de Niceia não foi apenas um momento teológico, mas também um evento profundamente enraizado em seu contexto histórico e eclesial. A presença do imperador, a participação de cerca de 300 bispos — muitos deles sobreviventes das perseguições — e a necessidade de uma definição comum revelaram um cristianismo que estava deixando as catacumbas e assumindo um papel público e estruturado.

O legado de Niceia segue atual: mais do que uma relíquia histórica, o Concílio é uma raiz viva da identidade cristã. Celebrar seus 1700 anos é recordar que a Igreja, ao longo dos séculos, continua chamada a proclamar com clareza e fidelidade: Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem.

Para os seminaristas e participantes, o simpósio foi uma oportunidade de aprofundar a compreensão das origens da fé e da importância do diálogo entre teologia e história. Estudar Niceia é entender que nossa fé não nasceu no abstrato, mas no calor de debates, de crises e de testemunhos corajosos. E que, como Igreja, somos sempre chamados a confessar com clareza a nossa fé em Jesus Cristo.

A realização do simpósio integra os esforços do Seminário Maior Imaculado Coração de Maria em promover a formação teológica sólida e atualizada, preparando os futuros presbíteros da Arquidiocese para o serviço ao Povo de Deus, com conhecimento profundo da fé e de sua história.

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