Ontem, dia 06 de junho, Montes Claros viveu um momento de intensa espiritualidade com o encerramento da visita das relíquias de Santa Teresinha do Menino Jesus. A jornada, que começou no dia 03 de junho, culminou na Catedral Metropolitana, onde centenas de fiéis se reuniram para celebrar e venerar este precioso tesouro espiritual, lotando a igreja em um ato de fé e devoção.
O último dia da visita foi marcado por uma série de celebrações que começaram logo cedo, às 7h da manhã, com a primeira missa e a bênção das rosas. Este dia especial trouxe à memória a promessa de Santa Teresinha de fazer cair uma chuva de rosas sobre aqueles que pedem sua intercessão. Durante o dia, os fiéis participaram da Bênção do Santíssimo Sacramento e do Terço das Rosas, reforçando os laços de fé e devoção que unem a comunidade.
Ao longo do dia, quatro missas foram celebradas, destacando-se a missa solene à noite, presidida pelo arcebispo de Montes Claros, Dom José Carlos de Souza Campos. A celebração contou com a presença de padres da Catedral, outros sacerdotes da Arquidiocese e de outras localidades, além das irmãs do Carmelo Maria Mãe da Igreja e Paulo VI. Este momento de comunhão e unidade evidenciou a importância da visita das relíquias para a comunidade católica local.
Dom José Carlos iniciou sua homilia convocando a todos para que hoje, dia 07 de junho, Dia da Solenidade do Coração de Jesus e Dia de Oração pela Santificação do Clero, dissessem:
“Diante das relíquias de Santa Teresinha do Menino Jesus, ela que era cuidadora e mãe amorosa dos sacerdotes, quero pedir a cada um que se lembre de rezar amanhã pela santificação do clero. O clero são os bispos, os sacerdotes, os diáconos permanentes e transitórios. Rezem pela santificação e conversão do clero. A mim, como bispo desta igreja, me cabe desejar sempre que nossos sacerdotes e diáconos sejam mais santos. Mas, eu só posso desejar. Por isso quero pedir a Deus pela intercessão de Santa Teresinha, para que seja Deus a desejar e agir neles, para que sejam bons, para que sejam santos, para que sejam homens profundamente tocados por Deus e sacramentos visível do amor e compaixão de Deus. Lembrem-se amanhã de rezar pelo seu sacerdote, pelo clero da Arquidiocese de Montes Claros e do mundo inteiro, pedindo a Deus que toque o coração de cada um de nós, para que não nos contentemos com a medida de hoje, por melhor que ela seja e nunca é tão grande, mas avancemos em medida maiores e mais exemplares de conversão e de santidade.”
Também no início de sua homilia, Dom José Carlos destacou a presença dos padres Premonstratenses, que há 120 anos estão presentes nestas terras, reconhecendo e agradecendo a presença fecunda pelo apostolado abrangente desses padres, que celebram neste dia o seu fundador, São Norberto. Ele também agradeceu a presença das irmãs carmelitas, que raramente saem dos muros do Carmelo.
Em sua homilia, Dom José Carlos refletiu sobre o Evangelho de Marcos:
“Um mestre da Lei, aproximou-se de Jesus e perguntou-lhe: ‘Qual é o primeiro de todos os mandamentos?’ Jesus respondeu: ‘O primeiro é este: Ouve, ó Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e com toda a tua força! O segundo mandamento é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo! Não existe outro mandamento maior do que estes’. O mestre da Lei disse a Jesus: ‘Muito bem, Mestre! Na verdade, é como disseste: Ele é o único Deus e não existe outro além dele. Amá-lo de todo o coração, de toda a mente, e com toda a força, e amar o próximo como a si mesmo é melhor do que todos os holocaustos e sacrifícios’. Jesus viu que ele tinha respondido com inteligência, e disse: ‘Tu não estás longe do Reino de Deus’. E ninguém mais tinha coragem de fazer perguntas a Jesus.”
Dom José refletiu que Jesus sintetizou centenas de mandamentos em dois: “amor vertical na direção de Deus e amor horizontal na direção do outro. E quem não ama para cima, não saberá amar para frente, para os lados e para trás. Quem não ama Deus, nunca vai aprender a amar os irmãos como deve.” Ele relembrou que o tema do amor é central na vida, na fé e na vocação de Santa Teresinha. Nossa presença diante da visita do relicário dela deve ser de aprendizado, de catequese, de espiritualidade. Aprender que o amor é a identidade do discípulo e deve ser nossa motivação principal.
Dom José citou um trecho da autobiografia Santa Teresinha, “História de uma Alma”:
“Não obstante a minha pequenez, queria iluminar as almas como os Profetas, os Doutores, sentia a vocação de ser Apóstolo… Li no cap. 12 da 1ª Carta de S. Paulo aos Coríntios que nem todos podem ser ao mesmo tempo Apóstolos, Profetas, Doutores, etc. , que a Igreja é formada por membros diferentes e que os olhos não podem ao mesmo tempo ser as mãos. A resposta era clara, mas não satisfazia completamente os meus desejos e não me trazia a paz. Continuei a ler e encontrei esta frase que me confortou profundamente: Procurai com ardor os dons mais perfeitos; eu vou mostrar-vos um caminho mais excelente. E o Apóstolo explica como todos os dons mais perfeitos não são nada sem o amor e que a caridade é o caminho mais excelente que nos leva com segurança até Deus. Finalmente tinha encontrado a tranquilidade. A caridade ofereceu-me a chave da minha vocação. Compreendi que, se a Igreja apresenta um corpo formado por membros diferentes, não lhe falta o mais necessário e mais nobre de todos; compreendi que a Igreja tem coração, um coração ardente de amor; compreendi que só o amor fazia agir os membros da Igreja e que, se o amor viesse a extinguir-se, nem os Apóstolos continuariam a anunciar o Evangelho, nem os mártires a derramar o seu sangue; compreendi que o amor encerra em si todas as vocações, que o amor é tudo, que abrange todos os tempos e lugares, numa palavra, que o amor é eterno… Encontrei finalmente a minha vocação. A minha vocação é o amor. Sim, encontrei o meu lugar na Igreja: no coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o amor”’.
Dom José Carlos alertou que precisamos compreender isso nesta noite, na visita das relíquias de Santa Teresinha que todos o caminho é o amor, que precisamos como Santa Teresinha escrever a nossa história, a história de nossa alma.
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Fotos: Laura Tupinambá
Peregrinação das Relíquias de Santa Teresinha
Entre os dias 03 e 06 de junho, Montes Claros recebeu com grande alegria a Peregrinação das Relíquias de Santa Teresinha, evento que celebra os 150 anos de nascimento da santa, ocorrido em 2023. As relíquias, que chegaram primeiro ao Carmelo Maria Mãe da Igreja e Paulo VI, passaram pela Paróquia Nossa Senhora do Carmo, pelo Priorado dos Premonstratenses e finalizaram sua visita na Catedral Metropolitana.
A Peregrinação das Relíquias de Santa Teresinha iniciou sua jornada pelo Brasil em fevereiro, com um itinerário que abrange 70 cidades do país. A peregrinação começou no Carmelo da Santíssima Trindade, em Trindade, Goiânia, e seguiu visitando casas e conventos dos Carmelitas em várias regiões. Após sua estada em Montes Claros, as relíquias seguiram para Patos de Minas (MG), continuando sua jornada de fé e devoção pelo Brasil até o dia 1º de outubro, quando a visita será concluída em São Paulo, no dia da santa.
Este evento é uma expressão de profunda devoção e celebração da vida e do legado de Santa Teresinha. Conhecida como “a maior santa dos tempos modernos”, conforme definido por Pio X, ela é padroeira das missões e uma das quatro mulheres doutoras da Igreja. A peregrinação de suas relíquias pelo Brasil celebra seu legado espiritual e seu exemplo de fé.
Como explicou o Padre Rodrigo de Castro, OCD, “Dentro do relicário estão os restos mortais de Santa Teresinha. Santa Teresinha não tem o seu corpo incorrupto. Então, nós temos dentro do relicário aquilo que sobrou do seu corpo, ou seja, nós estamos com Santa Teresinha em nosso meio. Como nos ensina a Igreja: Onde estão as relíquias dos santos, aí eles se fazem presentes.”
A Igreja Católica, ao considerar a santidade de seus fiéis, permite que objetos de uso pessoal ou fragmentos do corpo dos santos sejam honrados e venerados. Por meio dessas relíquias, muitos fiéis buscam a intercessão dos santos e alcançam inúmeras graças.
A visita das relíquias de Santa Teresinha a Montes Claros foi um momento de grande importância espiritual, não apenas para a cidade, mas para todo o Brasil. Durante esses dias de junho, os fiéis foram convidados a se unir em oração e celebrações, acolhendo com alegria e fervor as relíquias de uma santa que prometeu derramar uma chuva de rosas sobre todos aqueles que pedem sua intercessão. Que esta visita renove a fé e a devoção de todos, fortalecendo os laços de espiritualidade que nos unem a Santa Teresinha do Menino Jesus.