A Igreja Católica no Brasil se prepara para vivenciar uma grande etapa em sua história, a acolhida da 3ª edição típica do Missal Romano, traduzida para o Brasil, que entrará em vigor neste 1º Domingo do Advento (03.12.2023). Mais do que aquele livro grande e de capa vermelha que fica sobre os altares no momento da missa ou é carregado pelos coroinhas e acólitos, o Missal é o livro de Oração da Igreja. Em sentido comum, é o livro oficial, segundo o qual a Igreja celebra a Eucaristia. Ele traz consigo uma parte em que estão contidas as orações que se dirigem a Deus, costumeiramente chamada Missal ou livro do altar e da presidência, e uma segunda parte com as leituras bíblicas que são proclamadas nas celebrações da Eucaristia ao longo do ano, conhecida por Lecionário. Esse último é, atualmente, no Brasil, dividido em três livros: Lecionário Dominical, Semanal e Santoral.
Esta terceira edição traduzida para o Brasil atende a um pedido do Papa São João Paulo II de que o Missal fosse inteiramente revisado e atendesse às disposições litúrgico-canônicas desde a sua 2ª edição típica, publicada em 1975. Todo esse trabalho, que visava, também, uma maior fidelidade ao texto latino e adequada à língua de cada país, demorou aproximadamente 20 anos. Em nosso caso, coube à Assembleia Geral da CNBB a aprovação e, em seguida, à Santa Sé, por meio do Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.
Mas, enfim, há um novo Missal? Não se trata de um novo Missal ou de um novo Rito da celebração da Missa. Trata-se de mudanças significativas ao longo de todo o texto, o que implicará por parte de quem preside e por parte da assembleia celebrante, muito estudo, preparação e paciência, para readequarmos o nosso modo de celebrar a partir das novas indicações rituais e textos ali presentes. Um exemplo de mudança no texto está no habitual “Confesso a Deus…” rezado na primeira fórmula do ato penitencial. Na 2ª edição, rezávamos batendo no peito: “por minha culpa, minha tão grande culpa”. Agora passaremos a rezar: “por minha culpa, minha culpa, minha tão grande culpa”. Outra mudança significativa e perceptível estará na oração conhecida por nós como oração do dia, agora denominada coleta, aquela primeira oração dita pelo padre antes das leituras. Sua conclusão que antes era: “Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.”, agora foi ampliada para destacar o dinamismo trinitário: “Por nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.”.
Por ser o nosso livro de oração, vale a pena que o Missal torne-se um companheiro fiel daqueles que presidem, bem como daqueles encarregados de preparar as nossas celebrações por meio da Pastoral Litúrgica, em seus diversos ministérios. Certamente, se reconhecermos o Missal como o livro onde habitam textos em que a Igreja reconhece a fé, e não apenas um conjunto de rubricas ou normas, a nossa oração possibilitará que a Missa seja vivenciada com mais amor, de modo consciente, ativo e pleno (cf. SC, n. 14). Permitamos, neste novo tempo, conhecer bem, para celebrarmos melhor!
Pe. Cleydson Rafael Nery Rodrigues
Coordenador do Secretariado para a Liturgia
Arquidiocese em Missão